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DO MEU PROXIMO LIVRO - A AGENDA DO CORAÇÃO

30.06.15

 

keith haring heart.jpg

 

O Coração não vai para onde queres, nem fica onde decides.Tem vontade própria e faz a sua própria agenda. Podes segui-lo ou ignora-lo, mas não percas tempos em tentar mudar-lhe a vontade. É um país soberano com moeda própria que só se deixa invadir quando quer. Tentar mandar nele é o mesmo que tentar conquistar a Grã-Bretanha. Já pensaste porque é que os ingleses não têm um dia para festejar a independência? Porque nunca foram invadidos.

Podes aprender amansar o coração. Tarefa árdua e perpétua, porque todos os dias acorda quase no ponto de retrocesso em que o deixaste quando adormeceste. Mas tentar muda-lo, esquece. É como querer que Portugal se descole de Espanha e se faça ao mar como uma ilha. Não mandas em tudo o que queres, muito menos dentro de ti. Isso não existe.

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A PAIXAO É A PILHAS, O AMOR TEM BATERIA

15.06.15

 

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Uma das regras básicas de um amor vedadeiro é o sentido de proteção pelo outro e pela relação que construímos com ele; uma vigilância atenta e serena, esperando do outro sempre o melhor, dando-lhe espaço e tempo para se organizar. Mas se não houver reciprocidade, então não é bem amor, é outra coisa qualquer que não nos vai fazer felizes, por isso o melhor é atirar a toalha para o chão e seguir em frente 

 

Estar apaixonado por alguém ou amar outra pessoa pode não ser a mesma coisa. Ou pode. Depende de quem ama, se sabe ou não amar. Há pessoas que só sabem apaixonar-se, que se alimentam de uma visão, de uma quimera, de um sonho que podemos tornar realidade se quisermos, mas que depois não querem, têm medo de arriscar, ou porque afinal, o objeto da paixão que provocava arrepios e borboletas da barriga não é assim tão importante, ou não gostam assim tanto dele.

Agir assim, dando tudo para depois tirar tudo, é como ser uma espécie de serial killer do coração.

Correr para caçar, lutar para apanhar a presa, devora-la e deixar a carcaça para os abutres. Mas será que é assim tão linear? Quase nunca é. O caçador também é caçado pela vertigem da paixão, de um início auspicioso de uma história de amor. Porque quando há matéria amorosa para além da matéria da paixão carnal, nunca é fácil partir, nunca é fácil largar. Há uma força que nos impele para o outro, mesmo quando ele se afasta. Ou que o traz de volta quando guardamos silêncio e distância.

Nada é linear, nada é previsível. Apenas podemos contar com a nossa fé em nós mesmos e com os desígnios misteriosos que a vida nos reserva. E se queremos esquecer o outro, o melhor é deixar bater o coração ao seu próprio ritmo, como as pás de uma ventoinha que nunca param de girar quando a desligamos; o embalo do seu peso continua a fazer com que rodem, cada vez mais devagar, até finalmente atingirem o estado da imobilidade. Só atingido esse estado, se pode olhar para baixo e ver nas águas tranquilas o que elas nos mostram.

Quando a corrente é forte, só se sente energia, desejo, vontade, dor, saudade, medo, tristeza, delírio. Não se consegue ver nada para além da nossa visão da realidade que é a que mais desejamos.

Sentimos uma ligação ao outro que no faz adivinhar quando está a pensar em nós, ou quando se desliga. Como dizia Fernão Capelo Gaivota, não há longe nem distância. Mas para isso o amor tem de suplantar o medo, a insegurança, o egoísmo, o orgulho. Ele consegue construir um arco por cima do tempo e para lá do espaço visível, consegue manter-se forte e intocável, mas para tal é preciso coragem e determinação.

Uma das regras básicas de um amor verdadeiro é o sentido de protecção pelo outro e pela relação que construímos com ele; uma vigilância atenta e serena, esperando do outro sempre o melhor, dando-lhe espaço e tempo para se organizar. Mas se não houver reciprocidade, então não é bem amor, é outra coisa qualquer que não nos vai fazer felizes, por isso o melhor é atirar a toalha para o chão e seguir em frente. Cada caso é um caso e o medo quase nunca nos dá o conselho mais sábio, mas na dúvida, o melhor é seguir o nosso instinto. Ele guia-nos sempre, em qualquer momento, basta dar-lhe ouvidos.

Se o outro nos amar, ainda que tenha passado por um período de dúvida ou de ausência, ele irá aparecer reflectido em algum lugar. Não apenas a sua imagem, mas a sua presença, o seu corpo, a sua voz, num abraço inesperado e no entanto desejado. Mas para isso, ele tem de saber amar.

O amor sobrevive à distância e não se dilui no tempo. O amor é forte e resistente. Estar apaixonado não chega. As pilhas acabam depressa. A paixão é a pilhas, o amor tem uma bateria.

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DO DESEJO E DAS LEIS DA ECONOMIA

04.06.15

never let go that sad called desire - patti Smith.

 O desejo corre em águas profundas e, se não o conseguimos controlar, devemos pelo menos tentar entende-lo. O entendimento não resolve tudo, mas ajuda a manter a cabeça limpa e as ideias arrumadas.

 

 

Isto de ter um irmão gestor e vários amigos economistas deu-me algumas ferramentas para interpretar as relações amorosas, embora a vida me tenha ensinado que os princípios básicos da economia sejam mais fáceis de aplicar em maçãs e beringelas do que no amor.

 

A grande questão do amor é que ele é muita coisa; envolve inúmeras variáveis diferentes, que por sua vez, diferem de pessoa para pessoa e de caso para caso. E quando nele correm as águas profundas do desejo, tudo se torna ainda mais complicado. Sabemos amar os filhos de forma incondicional, sabemos amar os pais com gratidão e espírito de vigilância, sabemos amar os irmãos com fraternidade e respeito e os amigos com cumplicidade, admiração e confiança.

Mas o amor apaixonado, que nos faz levantar voo ou ir para fora de pé de êxtase e de felicidade pura, é outra conversa. Há muito de misterioso e de alquímico nesse amor pleno e sério, que pode passar por fases tranquilas, ou agitar-se com uma tempestade, que tem tanto de paz como de guerra, e tanto de luz como de sombra.

O desejo corre em águas profundas e, se não o conseguimos controlar, devemos pelo menos tentar entende-lo. O entendimento não resolve tudo, mas ajuda a manter a cabeça limpa e as ideias arrumadas.

Voltando à economia, quando a paixão é imensa, intensa e parece infinita, é bom segurar os cavalos e esperar para ver se do outro lado também é. Senão, quando dermos por isso podemos estar a correr sozinhos para uma meta solitária e é muito fácil ir para fora de pé no amor, mais fácil e rápido do que julgamos, porque o amor também pode actuar no nosso cérebro como uma espécie de droga, e como é sabido, não existem drogas leves, são todas pesadas, e por isso, perigosas. É por isso recomendável algum recuo, sossego e silêncio, mesmo nos momentos mais intensos.

Quando as mulheres estavam menos disponíveis, os homens investiam muito mais tempo na demanda da conquista. A oferta feminina crescente e galopante facilitou a vida aos homens com consequências perversas. Agora, com tanta oferta, um tipo com boa aparência ou com posses que faça dele um alvo minimamente atraente, não precisa de andar atrás delas, porque são elas que andam atrás dele. O novo é irresistível e a diversidade, encantadora.

Nunca houve tanta oferta, o que faz com que a curva da procura diminua.

Mas o tempo não respeita o que é feito sem ele, daí a adequada aplicação da Lei da Oferta e da Procura. E a primeira regra feminina é não procurar.

Uma amiga minha que saía todos os fim-de-semanas em busca do seu príncipe e nunca conheceu ninguém de jeito, um dia foi ao supermercado de cabelo ainda molhado e roupa de ginástica e lá estava ele, entre o Presto e o Omo. Como ela não o levou a sério, deu-lhe picadeiro até ele conseguir provar que estava mesmo interessado, e quando levou a taça, andava há semanas atrás dela.

É bom que as mulheres entendam que na cabeça de um homem ter sexo é uma coisa e gostar de uma mulher é outra. Se ele tiver de lutar para a conquistar, irá sentir-se mais gratificado do que se isso lhe for entregue sem luta. Mas para isso, é preciso que a mulher lhe dê tempo e espaço para tal. No pain, no gain, como dizem os ingleses.

Estar quieto também é uma acção. Conheço poucas coisas mais difíceis de fazer quando estamos apaixonados. Mas vale sempre a pena tentar.

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