Há muitos anos que digo que um bom ano é aquele em que fazemos um bom amigo, e este ano fui bafejada pela sorte porque fiz três que vão ficar para a vida. Lancei mais um romance, criei o blog e deixei o meu filho voar para longe de casa, tendo a certeza que ele sabe que sob o meu tecto encontrará sempre um Porto de Abrigo, tal como ainda hoje encontro em casa dos meus pais. Perdi dois grandes amigos, mas recuperei outros, que julgava para sempre afastados. Não apanhei nenhuma gripe nem parti uma perna.
E aprendi muito sobre o amor e sobre como lidar com ele. Por isso aqui vai, esperando que seja útil a quem me ler, porque isto do amor tem muito que se lhe diga e quando pensamos que conhecemos todas as respostas, a vida troca-nos as voltas com novas perguntas.
Não há regras infalíveis nem receitas mágicas. Não existe quem manda aqui sou eu, porque mandam os dois e não manda nenhum. No final, o amor e o tempo é que mandam: o tempo que um amor resiste, ou um amor que o tempo apaga. O amor tem a sua próprio caminho e nem sempre o escolhemos; às vezes desistimos, outras, ele desiste de nós e há que saber aceitar aquilo que não podemos controlar.
Aprendi que ninguém muda a maneira de ser de ninguém e que ninguém tem o direito de entrar na vida e de lhe alterar os hábitos e a geografia. A vida de cada um a ele pertence e quem tentar interferir, acabará por pagar caro.
Podemos chorar, podemos ter pena se perdemos aquilo que julgávamos ser um grande amor, mas a vida é óptima, porque rapidamente nos mostra que afinal o amor não estava ali, mas noutro lugar.
Também aprendi a diferença em termos masculinos entre um presente e um embrulho: o primeiro é óptimo quando se desembrulha e o segundo é uma desilusão. Cuidado com as imitações em tudo, sobretudo nas questões amorosas.
Não confundir atracção com amor, paixão com amor nem amor com tesão.
O Amor a sério tem isso tudo, mas também tem de ter muito mais para ser mesmo Amor.
A saber: respeito, carinho, tempo, para o outro, vontade de compromisso, sentido de protecção e de responsabilidade. E acima de tudo, tem de se reger pelo princípio da paridade: se amamos o outro mais do que ele nos ama, então não vale a pena. Se temos mais tempo para ele do que ele para nós, então estamos a perder o nosso tempo. Se lhe damos mais espaço na nossa vida do que ele na dele, então merecemos uma vida melhor. Para lá da vertigem, do desejo, da vontade que nuca morre e das saudades que nunca nos largam o peito, há que saber calar, saber esperar, saber recuar quando é preciso, ou avançar, se os ventos estão de feição. E fazer isto tudo sem tirar pelo menos um pé do chão.
O verdadeiro amor nunca é uma projecção, é uma construção. Como uma ponte, a dois, cada um do seu lado, tentando encontrar um caminho comum no qual os dois se sintam mais seguros, mais preenchidos, mais protegidos e mais felizes. Se quem julgamos amar não for o nosso Porto de Abrigo, então é porque não é ele, é outra pessoa.
E não se esqueça de pôr blush, rimel e gloss quando sair de casa, nem que seja para ir assistir a um filme de a sobre pinguins, porque o Príncipe pode estar em qualquer lado e aparece quando menos se espera. Tchim tchim!