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Fui ontem ver, com algum atraso, confesso, o último filme de António Pedro Vasconcelos que ainda se encontra em exibição. É um filme maravilhoso, subtil, cheio de momentos de grande sensibilidade, com uma história linda e um argumento exemplar, assinado por Tiago Santos. Não deixem de ver, porque qualquer dia sai das salas e é tão bonito que vale mesmo a pena ver num grande ecrã.
Acima de tudo, é uma grande lição sobre o poder do afecto e da generosidade.
Vão ver e depois deixem-me o vosso comentário aqui no blog :)
Não conheço a autora mas fiquei mesmo contente.
Obrigada!
"Sim, eu sou assim básica no que toca à leitura e no entanto é das coisas que mais gosto de fazer.
E ontem lá fui eu toda lampeira para o lançamento do livro "Os milagres acontecem devagar".
Hoje é o Dia Mundial da Gentileza.
Embora a minha segunda língua seja o Francês, é em Inglês que a palavra me soa com mais profundidade. To be kind no matter what, ser sempre gentil, simpático, ou, em momentos mais delicados, usar o poder da cortesia tem-me sido muito útil ao longo da vida. Há muitos anos, quando trabalhei na RTP, tive como colega uma das pessoas mais queridas e positivas que já conheci, a Margarida Pinto Correia, conhecida por toda a gente pela sua incansável actividade humanitária, muitos anos à frente da Fundação Gil e agora na Fundação EDP. Numa conversa sobre quezílias internas, comentei com ela que me fazia impressão a quantidade de pessoas que sofriam de falta de sentido de humor. E a Margarida, com aquele sorriso encantador, rápida e certeira respondeu-me: é mais falta de sentido de amor, amiga.
A Margarida nem se deve lembrar do que me disse, mas ao longo da vida fui aprendendo a distinguir as pessoas que passam pela vida com e sem amor. E as primeiras são muito mais felizes.
Dan Gilbert, Professor Universitário em Harvard, chegou à conclusão que o ser humano possui a capacidade de sintetizar a sua própria felicidade. Eu acredito que ao usarmos da gentileza com os outros, estamos a ajuda-los a ser mais felizes e que isso também alimenta a nossa felicidade. As pessoas mais felizes que conheço são pessoas que têm sempre um gesto ou uma palavra de carinho para com os outros. Ainda bem que existem efemérides como esta, porque a a gentileza é mesmo importante para a nossa felicidade e faz bem ao mundo
Ontem foi mais um dia importante na minha vida com a apresentação de "Os Milagres Acontecem Devagar". Este meu 20º livro, e 11º romance, foi apresentado pelo jornalista e director da SIC Radical, Pedro Boucherie Mendes, numa ocasião que serve igualmente para reencontrar amigos. A minha família, como sempre, não faltou a mais um lançamento que teve lugar num dos hotéis com mais charme de Lisboa, o Hotel do Chiado. Vista linda sobre a cidade, num final de tarde mágico.
Pedro Boucherie Mendes, eu e o melhor editor do mundo, António Lobato Faria.
As amigas de sempre que nunca faltam.
E os amigos também não!
Adoro esta foto do Bernardo Coelho.
Para os que ainda não sabem, estou todas as semanas na SIC Mulher, à conversa com a Ana Rita Clara. Aqui fica o vídeo da semana passada (a partir do minuto 10), onde falámos sobre "Os Milagres Acontecem Devagar".
Em dia de lançamento do 20º livro, deixo-vos com algumas das minhas epígrafes sobre o amor. Vão passando por cá que regularmente vou postando uma frase nova.
"Todos temos a tentação de exercer o nosso poder dentro de uma relação."
"As mulheres gostam de pensar que podem mudar os homens e, às vezes, até conseguem, mas essas mudanças só resultam se, de facto, os homens quiserem mudar; porque se o tentarem fazer só para agradar, tais alterações resultam em efeito «boomerang»: mais tarde ou mais cedo, eles regressam à sua verdadeira essência. E quanto mais tarde, pior."
"O dia-a-dia de uma relação ou é gerido com amor, generosidade e bonomia, ou então instala-se o mal-estar, o espírito do cobrador, com ou sem fraque, e a má onda."
"Uma relação equilibrada é feita de cedências e é negociada todos os dias."
"É inútil pensar que podemos viver uma relação amorosa sem criar alguma dependência; o corpo, o espírito e o coração habituam-se muito depressa ao prazer repetido dos pequenos gestos. Precisamos todos tanto de amor como o planeta precisa do Sol."
"As mulheres são seres muito mais felinos do que os homens; estudam cuidadosamente a presa antes de atacar, avançam em silêncio e com astúcia, são ardilosas, pacientes e certeiras."
"Um dos factores que pode garantir o sucesso de uma relação amorosa é, sem dúvida, o riso."
"Não sei se há pessoas que nascem umas para as outras, mas tenho a certeza que há pessoas que crescem e se acertam umas para as outras. E esse mistério alquímico é uma dádiva extraordinária."
"O maior inimigo de um amor pleno é o medo. O medo de não ser suficientemente amado, de não amar o suficiente, de não sermos a pessoa que pensamos que o outro quer, o medo da responsabilidade, da rotina, do compromisso, o medo de falhar, de se deixar ir, de amar e de se deixar amar."
"É quando já não esperamos nada das pessoas que elas morrem no nosso coração."
Não há nada melhor do que estar apaixonado. Nem pior.
Há quem fique com alergias de pele, dores de barriga, insónias, suores frios, fraqueza nas pernas, falta de apetite. Há quem se sinta paralisado de medo e passe meses em negação a dizer a si mesmo e ao outro, não, eu não estou apaixonado, não sou dado a estas coisas, isto passa, como se fosse uma constipação. E depois percebe que a constipação dura há 5 meses e que não há doses diários de vitamina C que resolvam o problema, porque estar apaixonado pode ser mesmo um grande problema.
Há quem saia todas as quintas, sextas e sábados em busca de outras caras e de outras vozes que façam esquecer a única que vemos e ouvimos durante a maior parte das 18 horas que estamos acordados e grande parte dos restantes que tentamos dormir. Os mais incautos arriscam a trazer para casa alguém completamente diferente par ver se pega, mas não pega, e dez minutos depois o outro já está a ser empurrado porta fora porque não pertence à nossa casa, à nossa vida e nunca mais o queremos ver.
Fazem isto os mais aventureiros, os mais kamikaze ou os mais novos, que ainda acreditam que as coisas podem mesmo mudar de um dia para o outro. Nunca mudam. Mudam um dia, quando menos esperamos, quase nunca quando mais desejamos.
Com o tempo uma pessoa aprende a mastigar a paixão com serenidade, a esperar que o tempo dite se vai ou não transformar-se numa história de amor, se a vida vai ou não dar-nos uma oportunidade. Nem sempre depende de nós. Nem sempre depende do outro. Às vezes depende dos dois, mas um quer muito e outro não sabe. Ou nenhum consegue dar o primeiro passo. Ou o outro pede-nos tempo e não sentimos que já não temos energia para lhe dar o tempo que ele precisa.
Ou então ficamos com medo porque o outro que estava ali todos os dias deixou de estar e é como se tudo o que vivemos nunca tivesse existido. Há quem devore uma embalagem de gelado de Pralinés & Cream às colheradas de sopa, há quem veja episódios repetidos da Anatomia de Grey ou do Scandal durante um fim-de-semana sem se levantar do sofá, há quem se vingue no ginásio e faça três aulas seguidas, há quem se refugie no trabalho e saia do escritório no último minuto possível.
Quando estamos apaixonados ficamos insuportáveis para o mundo, mas sobretudo para nós próprios. Queremos e não queremos sentir as borboletas na barriga, queremos e não queremos receber uma mensagem de bom dia ou de boa noite, queremos e não queremos acreditar que vai correr tudo bem, porque se por acaso não der certo, nem queremos pensar como nos vamos sentir a seguir.
Acima de tudo queremos acreditar que somos fortes e que o amor não nos mata, mas sabemos que mói, que cansa, que entristece, que enfraquece, que chateia quando não temos o que queremos. É muito risco para tão poucas certezas. E muitos sonhos a entupir a realidade. E muito desejo que fica por cumprir, porque quando estamos apaixonados queremos tudo aqui e agora e o outro nem sempre pode, nem sempre quer, nem sempre consegue. O outro, que também foi apanhado na curva, tem a vida dele, os problemas dele, os fantasmas dele para resolver. Mesmo que nos ame profundamente, nem sempre consegue amar-nos quando e como queremos.
Estar apaixonado não é uma escolha, é uma espécie de fatalidade. Não escolhemos quem se senta ao nosso lado no avião ou que carro se cruza com o nosso na estrada. Não escolhemos o dia em que nascemos nem o dia em que morremos. Não escolhemos os pais nem os filhos. As coisas mais importantes na vida nunca são escolhidas por nós.
Por isso o melhor é aceitar e aprender a viver com elas. E estar apaixonado, por mais trabalho que dê, é sempre melhor do marinar numa existência morna, com ou sem companhia. A companhia está dentro do peito, dentro de nós, é como uma semente: uma vez plantada, vai crescendo silenciosamente e quando damos por ela já tem o tamanho de uma árvore e é preciso uma escavadora para a arrancar.
Esta foto foi tirada em Sintra, pelo Bernardo Coelho, para a promoção do meu romance histórico "Minha Querida Inês".
Olá!
É com o maior sorriso que consigo imaginar que inicio o meu blogue. Há muito que o queria fazer, mas sinto que é agora o momento certo.
Começo por vos deixar o texto de introdução publicada em ‘Os Milagres Acontecem Devagar’, o meu 11º romance que chegou esta semana às livrarias.
A história começou a germinar na minha cabeça como uma semente quando uma amiga terapeuta comentou num jantar de mulheres que tinha dois pacientes que tinham uma caso e não sabiam: a vida está cheia de coincidências, ou então, como digo há muito anos, não há coincidências, não é? Depois pedi a dois amigos homens e duas amigas mulheres que me emprestassem as suas histórias pessoais masculinas num só personagem e dividi as femininas por duas mulheres. E assim nasceu o triângulo amoroso formado por Maria do mar, Henrique e Catarina. E mais não conto!
Aqui fica a introdução. Espero que gostem.
"Como vivemos o amor depois dos 40 anos? O que é que ainda estamos dispostos a fazer, até que ponto queremos ou conseguimos ceder tempo e espaço para construir uma relação? O que é que ainda conseguimos mudar em nós e o que podemos esperar que o outro mude?
Depois dos 40 já vivemos metade da nossa vida. Criámos hábitos, vícios, manias. Sabemos o que gostamos e o que não gostamos em nós e nos outros. Conhecemos os nossos defeitos e as nossas qualidades. Começamos a aprender a viver com algumas limitações: dormimos menos horas, vemos pior, temos menos tolerância para tudo aquilo que não consideramos importante. Entusiasmamo-nos com menos ingenuidade e apaixonamo-nos com maior profundidade. No fundo, de forma consciente ou inconsciente, escolhemos mais. Mas nem sempre escolhemos melhor. E entre nós há ainda quem sinta o mundo a encolher à sua volta e acredite que as escolhas serão sempre mais e mais escassas. Muitos trocaram sonhos nunca realizados por uma realidade conformada. Mas nem todos deixaram de sonhar.
Depois dos 40, quando tudo parece simplificar-se, afinal o amor é ainda mais complicado. Já carregamos metade de uma vida com casamentos e separações, traumas e desilusões, filhos ainda por criar e pais que já precisam dos nossos cuidados. Surgem as primeiras mazelas e aparecem as primeiras rugas. E no entanto, se encontrarmos alguém que nos atrai, com quem partilhamos interesses, convicções, valores e vontades, e se esse alguém se interessar por nós, em que medida estamos ainda disponíveis para arriscar, para abandonar a nossa zona de conforto e mudar de vida? Em última análise, até que ponto estamos ainda disponíveis para amar?
Nós somos a ultima geração Disney e a primeira dos vídeos pornográficos de livre acesso. Ainda preferimos telefonar em vez de enviar WhatsAps. Não acabamos relações por SMS. Muitos entre nós são filhos de casais que nunca se separaram. Quisemos tudo: carreiras brilhantes, casamentos perfeitos, filhos inteligentes, viagens, desporto e aventuras. Entrámos sem receio nem pudor na segunda e terceira volta das uniões de facto, juntando trapos e filhos como quem muda de camisa. Habituámo-nos a pensar que podíamos ter tudo e por isso, não precisávamos de fazer escolhas. Mas a vida acaba sempre por nos trocar as voltas: apaixonamo-nos por pessoas pouco disponíveis ou aborrecemo-nos quando a pessoa que sempre fez tudo por nós continua ao nosso lado.
A ambivalência profunda entre aquilo que ainda consideramos que é correcto e aquilo que nos apetece é o nosso ponto fraco. Fomos adultos muito cedo e, como é normal nas crianças precoces, demorámos e vamos ainda demorar muito tempo a amadurecer. E no entanto, alguns de nós ainda sonham com a eterna busca de um amor ideal, acreditando no poder da dedicação total e da fidelidade incondicional. Alguns de nós ainda sonham ser aquele casal perfeito para quem os outros olham com admiração e orgulho. Como se a perfeição pudesse existir.
Este é um romance que conta a história entre um homem e uma mulher que querem construir um amor possível no meio do caos amoroso e, da volatilidade afectiva, do medo da entrega e da resistência em sair da zona de conforto. Ambos vivem num labirinto, mas apenas um conseguirá sair e libertar-se."
Lisboa, 29 de Julho de 2014
Estou a juntar todas as epígrafes e em breve vão estar aqui.